quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Thomas e a rosa

Como iogurte. Gosto de mastigá-lo. Já a sensação de ter seu sabor por muito tempo na boca é desagradável. É como se tivesse dormido longamente mas acordado, e de um sono com um sonho tão higiênico e estéril cujo único efeito fosse realmente acordar com a boca meio ressecada e adstringente com o gosto de iogurte suicídio de morango... [pausa dramática] ...dormido longamente mas acordado - qualquer um entende por que a primeira interpretação que qualquer leitor faria desse fragmento, mesmo em seu contexto, seria a de que o interlocutor se refere ao fato de haver dormido longamente mas esse sono haveria sido interrompido pela vigília, embora a correta seja a de que o interlocutor se refere ao fato de haver dormido longamente em estado de vigília, e chama a atenção para essa ressalva através da adversativa. Faz-me lembrar o caso de Thomas, aquela cadela boxer que ficou terrivelmente apática, quase melancólica, depois de haver morrido – abandonou seus hábitos domésticos e animados e ficava apenas parada, triste, como lázaro que o cristo fez retornar da tumba, mesmo após já estar cheirando muito mal. Iogurte, aliás, assim como o roquefort, têm ambos seu grande charme no princípio contraditório (?) que é seu fundamento: o crescimento da vida e sua degenerescência e o crescimento da vida na degenerescênscia e a vida que é degenerescência, rosa, rosa, rosa...

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